domingo, 5 de janeiro de 2014

Educação

Vou falar de educação, mas não educação de escola, mas de bons modos.
Lembrando que eu falo do que eu conheço, e do que eu vejo, não dá pra falar que todos são assim.
Em geral, os alemães são muito educados, respeitam todos, mas são mais grosseiros e secos que os brasileiros. Claro que aí é muito cultural, eles demonstram o carinho de um jeito mais direto, e mostram que não gostam do mesmo jeito, direto.
Agora falando mesmo do tema boa educação, eles falam as "palavrinhas mágicas" sempre, Por Favor (Bitte), Muito Obrigado (Danke Schön), De Nada (Bitte Schön), Desculpa / Com Licença (Entschuldigung).
Se tem alguém andando mais rápido que eles na calçada, eles vão para o canto, para deixar o outro passar, no trânsito é bem interessante, pois eles sempre cedem a passagem para o outro, ou se alguém precisa fazer uma conversão eles reduzem e esperam o outro passar. Aqui existem as ruas principais, sinalizadas, onde ao andar nela você não precisa parar para deixar ninguém passar, e as outras onde não há sinalização, portanto não principais, a preferência é sempre de quem vem da direita, e se um carro está vindo da direita, todos sempre param, e funciona mesmo, ninguém dá uma de malandro, querendo passar antes, ou alguma coisa assim. Talvez isso ocorra por eles terem muita confiança uns nos outros, pois quando o motorista estiver na situação em que ele tem a preferência, ele sabe que os outros vão respeitar.
Uma dica importante para você turista. Isso é mais ou menos uma regra das ruas, que todos conhecem, já institucionalizada, e que você tem que aprender. Numa escada rolante, se você não andar nela, para ir mais rápido, fique do lado direito, e deixe o esquerdo livre, para os apressadinhos irem andando. Se você ver alguém parado do lado esquerdo, pode saber que é turista, aí, se o apressadinho vem atrás, ele dá uma cutucada, ou você aprende um xingamento em alemão.
Se estiver em solo alemão, e o sinal para pedestres estiver fechado, não adianta, pode não ter um carro sequer na rua, você vai ter que esperar o sinal de pedestres ficar verde. Em outros países da europa o pessoal atravessa, mas na Alemanha não. Claro que há muitos estrangeiros morando na Alemanha, então você vai ver alguns atravessando no sinal vermelho, mas pode apostar que não são alemães.
As pessoas aqui não se metem na vida dos outros, se duas pessoas que eu não conheço estiverem brigando, o alemão vai passar reto como se não houvesse nada acontecendo, afinal a briga não é minha.
Aqui, se você pedir ajuda, eles ajudam mesmo, de verdade. Inclusive dão coisas deles, se você estiver precisando. Abro parenteses para contar um pedaço da minha história. Quando cheguei em Ettenheim, depois de ter procurado casa por toda a região perto do meu trabalho, vim numa igreja, e disse que procurava alguém que pudesse me alugar um quarto. A pastora anunciou a minha situação no culto, e no final vieram 3 familias me oferecer um lugar, e mais gente depois perguntou se eu tinha achado. Depois, para me organizar aqui, sempre me ajudaram em tudo o que precisava. Isso foi muito bom.
Na Alemanha existe muita formalidade para se falar com uma pessoa que você não conhece, na verdade eles tratam as pessoas de forma respeitosa, o que é legal, mas pra mim, como latino, é bem diferente, porque parece formal demais, como se eu tratasse o outro como superior sempre, não como meu amigo. Exemplo dessa forma respeitosa de falar é que a segunda pessoa do singular tem duas maneiras, o Du (você), que só se usa depois que a pessoa te deu permissão para usar. E a outra forma, a formal é o Sie. Funciona assim, você vai conversando com a pessoa até ela falar em algum momento que você pode chamar ela de Du, isso vem geralmente da pessoa mais velha que te dá a permissão, você não pede, ou ela que começa a te chamar de Du. Outra coisa que pra mim soa muito formal é chamar as pessoas pelo sobrenome, até aí ok, é cultural, mas o sobrenome vem sempre acompanhado pela partícula Senhor, então, no trabalho, as pessoas me chamam de Herr. Misfeldt.
Para chamar alguém de amigo aqui é algo muito mais complexo. No Brasil, se você conhece o camarada, ele é gente boa, então ele é teu amigo. Aqui não, pra chamar você de amigo, o cara tem que quase ser seu "best friend". Porque o conceito de amigo aqui é mais ou menos que o amigo é o cara que eu nunca vou abandonar, e o colega do trabalho, ou da faculdade, um dia você não vai mais ver ele e tudo ok, a vida segue.
Agora vai uma dica, uma coisa que estranhei bastante, o cumprimento deles se resume à no máximo um aperto de mão. O cara já batalhou pra ser seu amigo, aí na hora de cumprimentar ele, você dá um aperto de mão xôxo, tipo aquele que você dá no primo do teu tio-avô. Claro que há exceções, como quando fulano reencontra seu amigão depois de um bom tempo, aí ela dá um abraço contido. E mesmo as meninas se cumprimentam com aperto de mão.
Deixei pro final, mas isso não poderia esquecer, os alemães são muito sinceros, e isso torna eles um pouco grosseiro as vezes. O lado não grosseiro é que quando você pergunta se a pessoa está bem, ela fala quando tem um problema, ou não tá 100%, isso não quer dizer também que o outro vai ajudar o cara. Outra coisa boa é que eles dizem quando gostaram de algo que você fez. E o lado complicado é que eles dizem quando não gostaram de algo que você fez. Na verdade você se acostuma, quer dizer, você passa a entender, mas nas primeiras vezes, sem falar muito bem alemão, e acostumado as pessoas no máximo falarem: "Ah, ta legal, mas dá pra melhorar", e levar um pito, é complicado.
Por último, agora acho que deu pra entender um pouco do jeito alemão, na verdade não dá pra entender tudo, mas o importante é entender que são culturas diferentes. Aos poucos, vivendo aqui, você vai captando o que é normal ou não, por exemplo, se você levar uns xingão, é normal, faz parte do aprendizado, claro que, se for muito recorrente, você pode tar fazendo muita caca. hehe.
Espero que tenha sido proveitoso para vocês. Um forte abraço.


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